Se você já tem um filho, sabe como as memórias do parto ficam um pouco embaralhadas, como dá vontade de saber exatamente como tudo aconteceu. Muitas vezes quem está acompanhando a gestante tenta dar conta do recado, mas, convenhamos, a emoção é grande para todo mundo. E, fora isso, parece que os equipamentos eletrônicos não ajudam muito nessas horas. Então não é raro as pessoas terem fotos de clarões e borrões no registro dos momentos mais lindos da nossa vida em família: a chegada dessas coisinhas que viram nosso mundo de cabeça pra baixo. Se você está lendo e a pessoa que ficou responsável por registrar, sabe como a responsabilidade é enorme nessa hora e como as mãos insistem em não obedecer exatamente ao que a gente quer que elas façam, né?
Se você está se preparando para ter um bebê, eu te convido a imaginar poder viver esse momento com intensidade, poder estar, junto com a pessoa que te acompanha, preocupada exclusivamente com você e o bebê, sentindo, chorando e rindo juntos. Não é mágico? Pois então a gente teria um combo maravilhoso (que eu adoraria ter tido no nascimento do Felipe, meu único filho): vocês terão momentos de carinho entre vocês registrados, coisas que escapam de nós enquanto nós vivemos, mas o fotógrafo está ali, atento, a postos, com os olhos e a câmera em busca desses detalhes, para que vocês possam ver quanto amor há aí no mundo que é só de vocês; terão fotos do que vocês não conseguem ver, o fotógrafo de parto se propõe a ser os seus olhos; e, mais ainda, nós construiremos o começo da história dessa nova vida. Já imaginou que incrível poder sentar com seu pequeno ao longo dos anos e repetir sem cansar - acredite, a gente nunca cansa de falar sobre amor e encantamento - a história da chegada dele ao mundo?
Eu amo fotografar famílias. Amo crianças, amo acompanhar o crescimento dos bebês de cada mãe que me procura – e eles acabam sendo um pouquinho da Tia Gabi também. Mas há algo nos nascimentos que me encantam mais profundamente. Há, no momento de um parto, uma atmosfera limpa, leve e repleta de amor e cuidado. Talvez nem todo mundo consiga sentir, não sei. Mas há um cheiro de esperança no novo, num mundo melhor; uma luz nova e cheia de vida que começa a brilhar e desconhece limites, que traz paz e harmonia consigo. Assistir a chegada de crianças ao mundo é, sem dúvida, sempre o meu melhor momento da vida de fotógrafa. E é por fazer com tanto amor, que eu acredito conseguir tocar o coração de quem olha esses trabalhos também com amor.